O que marcenaria me ensinou de front-end

Fazia tempo que eu queria aprender e praticar algumas coisas a fim de mudar um pouco meu modo de pensar, escolhi meditação, marcenaria e bonsai. Arrumei tempo para estudar e praticar os três. Tentar aprender um pouco mais sobre marcenaria/construção foi um dos fatores que me levou a voluntariar no TETO.

Acho que foi no ZOFE sobre carreira em front-end que o Zeno e o Daniel (recomendo que você ouça todos os podcasts destes caras) fizeram uma comparação entre o trabalho de artesãos e dos desenvolvedores front-end: desenvolver um trabalho único e dedicar-se a entregar o melhor de si em uma “peça”, ou no nosso caso, a uma interface. 

Eu e a marcenaria

Apesar de ainda não saber praticamente nada de marcenaria ela já me ensinou bastante. Sei pregar, sei serrar, sei lixar. Tudo isso mais ou menos, e bem mais para menos.

Comecei a praticar faz pouco tempo e para começar resolvi reciclar, restaurar e pintar um caixote de feira para a Bia transformar em um criado mudo ou em um caixote para guardar coisas. Ela (ou o pai dela) já haviam arrumado o caixote e em um final de semana comprei lixas e resolvi começar.

Caixote de madeira

Quem sabe um dia?

Lixei uma vez e o caixote ficou bem mais bonito do que estava antes. Foi uma hora de calma, café e o cheiro de madeira. E neste ponto comecei a refletir sobre minha ansiedade (este era um dos motivos de eu procurar atividades offline) e fazer comparação com o desenvolvimento web e a marcenaria.

Depois de pouco mais de quase três horas de trabalho e muita lixa gasta, eu poderia considerar o caixote pronto. As partes internas lisas como nunca estiveram, os cantos arredondados (não é piada com front-end) e minhas mãos secas da lixa e pó. O resultado depois disso foi que o caixote ganhou outra cor, quase sem nenhuma “sujeira” externa visível e pronto para receber uma camada de verniz e se tornar parte da decoração de casa.

Já estava tarde, eu estava cansado, fui dormir e retomei o trabalho no dia seguinte.

Não comecei pela pintura, peguei novamente a lixa e vi detalhes que passaram despercebidos no dia anterior. Não hesitei em recomeçar a lixar, a melhorar o acabamento de algumas pontas e deixar tudo mais simétrico. Mais lixa, mais pó e o resultado melhor do que o anterior, repeti o ciclo algumas vezes, desta vez de forma mais rápida. 

Pintura e ferramentas

Satisfeito com o estado do caixote, fui verificar o que precisava para fazer a pintura. Desisti de passar apenas verniz e resolvi pintar a caixa.

Como eu não tinha a base correta para madeira usei uma outra base que, em teoria, deveria funcionar pois era bem parecida com a base para madeira (dizem…). 

Ficou horrível. Estraguei o caixote. 

A madeira “chupou” toda a tinta que eu passava, a cada passada o rolo secava e a madeira adquiria um esbranquiçado apático, bem pior do que quando estava apenas lixada.

O caixote esta lá, esperando para receber a finalização.

O que marcenaria me ensinou sobre front-end

Desde que comecei a trabalhar com o caixote fiquei pensando em escrever este texto e pensando em como paciência é uma virtude importante para um desenvolvedor, seja front-end ou back-end. 

Eu sei que posso entregar um projeto em cinco horas ou este mesmo projeto em quinze horas, e apesar dos resultados aparentarem ser “bem parecidos”, não é bem assim. 

Em meus projetos eu costumo sofrer de uma síndrome chamada “ansiedade de colocar no ar”, principalmente se tratando do And After. Por razões de negócio sou muito mais cuidadoso com o Eu Compraria, mas mesmo assim a ansiedade é uma complicada de lidar e acaba atrapalhando na qualidade e produtividade enquanto estou programando.

Se algo está “quase pronto” era comum três coisas acontecerem por aqui:

  1. Trabalhar mais que 10 horas diárias
  2. Não conseguir focar em outra coisa senão o projeto que quero lançar
  3. Preciso lançar hoje

Identificar o problema é o primeiro passo para lidar com ele, e lixar, lixar e lixar me ajudou a controlar um pouco a ansiedade (provavelmente meditação e estar cultivando bonsais também ajudaram).

Aprendi a ser um desenvolvedor com uma qualidade de entrega melhor do que a que eu estava acostumado, controlo um pouco melhor a ansiedade que sinto em publicar um projeto (text, código, etc.).

Em uma construção de moradia emergencial no TETO
A construção é de um final de semana. 

Que tal participar do TETO?

Quando o objetivo é fazer bem feito não devemos ter pressa, hoje eu foco em fazer o melhor possível no tempo que eu acho necessário, e não no tempo que eu acho mínimo para uma entrega. 

No TETO o primeiro dia é basicamente dedicado a fundação da casa, e temos apenas 2 dias para construir. Antes de começar a codar seu projeto pense em cada detalhe, estruture ele na sua cabeça ou no papel. Trabalhar em um projeto com uma estrutura sólida é muito mais tranquilo e rápido.

Buscar atividades fora do digital podem ajudar bastante a melhorar nossa qualidade de vida e qualidade de trabalho quando tentamos fazer uma relação e aprender sobre a vida, não sobre uma profissão ou atividade específica.

E você, tem alguma experiência parecida com atividades que refletiram na melhora do seu trabalho? Compartilhe nos comentários ou me escreva. 🙂

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